Amor de amigo

I – O beijo no adeus
Por favor, não vá embora,
Fica comigo agora,
Vamos errar um pouco mais.
Nosso crime é consumado,
Bem que tínhamos tentado
Evitar há um tempo atrás.
Mas beijamos quando não devíamos,
Amamos quando não podíamos,
Mesmo sabendo o que fazer.
Inda assim fizemos errado
Estava o fim premeditado
E não conseguimos nos conter.
Sabíamos da sua partida,
Beijamos na despedida,
Que doce insensatez.
Pois pagaremos por este momento
Com lágrimas de sofrimento
E de alegria, outras talvez.
II – Agora já distante
O que mais me deixa doído
É que eu poderia ter impedido
A sua ida; mal que sei.
Montaste plantão velado
À espera do meu chamado,
Por acanhado, não chamei.
Imaginei que com este cântico
Transporia o oceano atlântico
Chegaria ao encontro teu.
Que tolo que fui ao pensar
Que sonhos saberiam nadar
Pois que afogam pensamentos meus.
Enfim por tudo que estou sofrendo,
Da saudade estou merecendo
A recompensa, que veio a ser:
Perder a melhor amiga,
Ganhando o sentido da vida,
Vida esta que me faz morrer.
(Ferreira d’Baco)