Carta ao Fernando n.º 1

Ajuda-me, Fernando,
Que minha Pessoa não consegue,
Por menos dor que carregue,
Viver a vida amando.
Ajuda-me que não suporto mais...
Buscar nas coisas algo demais
e só chegar à conclusão
de que não passam de ser o que são.
Nada que se vê inspira.
Minha Lua é apenas Lua...
Não se compara à Lua tua
Que te transcende e delira.
Tu vês na harpa a lira,
Da barca, o mar que transpira,
A água que te balança o verso.
Não vejo. Eu tento. Eu confesso.
Me empresta teus olhos, Fernando.
Me deixa, por um pedaço de tempo,
Desfrutar do teu tamanho talento
De não ver o que se está enxergando.
Comigo as coisas se focam.
Eu e o amor (que ouço falar)
Somos tal o céu e o mar
Que se vêem e jamais se tocam.
Pena de mim, Fernando, tenha pena de mim.
(Ferreira d'Baco)
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Robert Andrade. Blogueiro Contextual. Da advocacia um atuante, da engenharia um estudante, da marcenaria um hobista, do mar um surfista e da vida um amante.