Que saudade da minha coragem

Como pude um dia passar tantos riscos
Desses que hoje nem imagino
Nem sonho
Nem chego perto de um pensamento
Hoje corro de um chuvisco
De uma gripe
De uma queda
Tudo parece irreversível e fatal
Mas um dia
Adrenalina já foi combustível
Pulei de avião, de elástico,
De skate e o escambau
Hoje, menina, 'aquieta' o faixo
Já me joguei do penhasco do amor
Já me arrebentei toda mas não morri
Não é só falta
É medo de tudo
De encher o peito de vontade
De achar tudo bobagem
Que saudade da minha coragem!
Seria a maternidade?
A maturidade? Vaidade?
Mal da idade?
Seria consciência, prudência ou só aparência?
Em um segundo
A vida dura.
Às vezes com, às vezes sem aventura
Falta pouco. Melhor aproveitar.
Verdade é que coragem
- Quem diria -
É estar de pé todos os dias.
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Nalini Vasconcelos, artista multimídia da música, vídeo e poesia, nerd, fundadora e blogueira Contextual.